sexta-feira, 26 de março de 2010

CADUM EM ENTREVISTA EXCLUSIVA

CADUM PARTICIPOU DE QUATRO OLIMPÍADAS
Ele defendeu equipes de ponta do nosso basquete, tem uma invejável coleção de títulos por onde passou. O grande sonho de todo atleta é participar de uma Olimpíada, ele participou de quatro: Moscou, Los Angeles, Seul e Barcelona, o que leva a participar de um seleto grupo de super-atletas do mundo inteiro e dentro de um espaço de mais de um século, que ostenta esse privilégio.
Defendendo a seleção brasileira, conquistou o lendário Pan-americano de Indianápolis, vencendo os Estados Unidos que contava com jogadores, que mais tarde fariam parte do famoso DREAM TEAM americano.
Hoje, continua sempre ao lado do basquete, atuando em uma posição bem próxima às linhas da quadra atuando como delegado dos jogos do NBB.
Ele é Ricardo Cardoso Guimarães, ou simplesmente, CADUM, que encantou à todos com seu belo basquete,proporcionando grandes alegrias aos clubes que defendeu. Cadum, um armador de 2,00 m de altura, nascido em São Paulo, mas tem cidadania em qualquer lugar onde houver basquete.
Ainda não falei de sua família: filho de Eduardo Guimarães Jr e Maria Aparecida Cardoso. Seu pai, o Dado, jogou basquete no Pinheiros, sendo campeão paulista por duas vezes e sua mãe, a Cida, começou a jogar basquete em Descalvado (SP), sua cidade e posteriormente, no Pinheiros até encerrar a carreira. Serviu a seleção brasileira de 1952 até 1959, ao pedir dispensa por estar esperando a vinda deste colecionador de Olimpíadas. Sua mãe participou de todas as competições continentais e dois mundiais. Tem mais ainda: Cadum é sobrinho da Maria Helena, jogadora e treinadora da seleção brasileira, mas vamos deixar sua família para depois.
Com toda simpatia e atenção, dispensou uma boa parte de seu tempo para me conceder esta entrevista, vamos acompanhar:

1- CHUÁ – Cadum, quero que você fale um pouco de sua carreira como jogador de basquete, quando começou até chegar hoje ao Monte Líbano, em seus áureos tempos, ganhando cinco títulos nacionais.
Acho que comecei a jogar basquete na barriga de minha mãe...rs. Ela foi jogadora da seleção brasileira de basquete até engravidar e praticamente nasci em uma quadra. Meu pai também jogava basquete, e tenho fotos em que realmente estou engatinhando numa quadra. Interessar-me pelo basquete foi fácil e comecei a treinar aos 11 anos no Esporte Clube Pinheiros de São Paulo, onde meus pais eram sócios. Fiquei no Pinheiros até juvenil, onde já me destacava em seleções paulistas e brasileiras de base. Fui para o Monte Líbano no meu 1º ano na categoria adulta e lá joguei por 10 anos, tendo conquistado inúmeros títulos nacionais e internacionais. Depois joguei no Flamengo, Sírio, Palmeiras, Dharma Franca, Pinheiros, Uberlândia e Hebraica, onde encerrei minha carreira aos 40 anos em 2000.

2 – CHUÁ - E quando começou a gostar de basquete?
Sempre gostei. Mas acho que minha relação com esse esporte virou uma paixão a partir dos 15 anos. Foi na minha 1ª convocação para uma seleção paulista. Aí já sabia que queria ser jogador.

3 – CHUÁ – Você trabalha com o basquete e tem sua empresa de turismo, como você concilia seu tempo?
Sempre é possível conciliar as coisas quando se faz aquilo que se gosta. Eu amo o basquete e amo meu trabalho com minha agência de turismo. Estou envolvido no NBB como representante, e acompanho alguns jogos em Franca e Araraquara. No resto do tempo estou envolvido com a agência. Tenho um tempo ainda para bater uma bola com os amigos, e algumas vezes disputar os campeonatos de veteranos de basquete por esse mundo afora.

4 - CHUÁ – Como é poder participar da seleção nacional, nos seus bons tempos e o que sente quando você pára um pouco em pensa, “participei de quatro Jogos Olímpicos”?
Tenho absoluta certeza que defender o seu país é uma experiência única. Simplesmente me imaginar vestindo a camiseta da seleção brasileira já me emociona. Ainda hoje, jogando pelo Brasil nos campeonatos mundiais de veteranos, eu fico orgulhoso por defender a nossa pátria. Ter jogado quatro Olimpíadas, o auge para qualquer atleta, foi demais. Convivi com os melhores atletas do mundo em quatro oportunidades. Às vezes não tenho noção da importância desse feito. Mas sem dúvida, foram experiências inesquecíveis.

5 - CHUÁ – Qual foi sua partida inesquecível?
Tenho duas partidas inesquecíveis. A primeira aconteceu na final do Paulista Masculino Adulto da temporada 82/83, quando o Monte Líbano enfrentava o Corinthians num Ibirapuera lotado. Perdíamos de 1 ponto faltando 3 segundos e com uma bola ao ar no garrafão de nosso ataque (naquele tempo acontecia o pula 2 a cada bola presa). O americano de nossa equipe ganhou o salto e tocou na bola que foi para trás em direção à mesa de controle, eu corri para ela, peguei e arremessei meio de lado, quase do meio da quadra, com o relógio zerando. A bola viajou e entrou direto. Ganhamos de 1 ponto e o título paulista. O time é inesquecível: Israel, André, Guy, Peixoto, Rubinho, João Marin, Kleber, Virgill Wallace, Dudu (meu irmão) e Pinduka.
A segunda partida inesquecível é aquela famosa na final do Pan-americano de Indianápolis em 87. Vencemos por 120 x 115 a fortíssima equipe americana, que nunca havia perdido ou levado mais de 100 pontos em seu território, em uma partida oficial. E isso depois de estarmos perdendo de 21 pontos, fora o baile. Aquele time também deixa saudades: Marcel, Oscar, Israel, Gérson, Maury, Guerrinha, Paulinho Vilas Boas, Pipoka, Rolando, André e Sílvio.

6 - CHUÁ - O basquete já deixou você triste alguma vez? Como foi?
Muitas vezes em algumas derrotas injustas. Mas a maior tristeza foi ter sido afastado da seleção brasileira durante 2 anos por motivos extra quadra. Fiquei fora da equipe em 85 e 86. Consegui reverter a situação e voltei para o Pan de Indianópolis em 87.

SUA MÃE PEDIU DISPENSA DA SELEÇÃO BRASILEIRA POR ESTAR "ESPERANDO O CADUM"
7 - CHUÁ – O que mais mudou no nosso basquete de seu tempo como jogador, para os dias de hoje?
Principalmente a velocidade do jogo. E hoje, me parece a distância, são poucos os jogadores que entendem do jogo como um todo. Aqueles que têm esse diferencial são destaques em qualquer equipe.

8 - CHUÁ – Nos aspectos técnicos e táticos, o nosso basquete evoluiu pouco ou foram as demais potências do mundo que evoluíram demais e o Brasil não conseguiu acompanhar essa evolução ?
Nosso basquete evoluiu junto com as demais potências. Os jogos nos últimos anos, tem sido sempre equilibrados, mas temos perdido os principais confrontos. Tenho certeza absoluta que os resultados poderiam e poderão ser diferentes se o mesmo torneio ou campeonato fosse ou for disputado com as mesmas equipes uma semana após. Explico melhor: o Brasil terminou o último Mundial em 17º ou 19º, e se a mesma competição fosse organizada uma semana depois, nos mesmos moldes, poderia ficar entre os quatro primeiros.
Mas também, não existe dúvida que temos hoje em dia muito mais equipes fortes do que tínhamos a 10 ou 20 anos atrás. Mas o Brasil está entre elas.

9 – CHUÁ – Como com seus 2,00m, armador e de grandes conquistas por onde passou, não me lembro se no nosso basquete, existia um armador com tamanha estatura, como foi essa escolha da posição?
Na verdade não foi uma escolha pessoal. Sempre fui organizado para todas as coisas, e no basket nas categorias de base, sempre joguei de pivô no Pinheiros, mas quando era convocado para as seleções paulistas e brasileiras eu ia como lateral. Passei a gostar de jogar aberto. Tinha facilidade pra levar a bola. Quando fui para o Monte Líbano no meu 1º ano de adulto, o técnico Mical me disse que a partir daquele momento minha posição era de armador. Achei ótimo e me tornei o armador daquela equipe em formação. Eu gostava de comandar a equipe, era inteligente e cresci como jogador juntamente com a equipe. Tinha algumas dificuldades no jogo, como por exemplo, levar a bola para o ataque com um marcador muito baixo, mas as vantagens eram muito maiores.


10 – CHUÁ – O que está faltando para o nosso basquete e como vê o futuro com a criação da LNB?
Acho que falta mais massificação. Aumentar a quantidade de praticantes no Brasil todo, para podermos buscar a qualidade para suprir nossas seleções. Acho que a NBB está no caminho certo, organizando o campeonato e divulgando os ídolos no Brasil todo. Só assim mais crianças se interessarão pelo basquete e começarão a praticá-lo. O basquete é um esporte fantástico, após o primeiro contato com a dinâmica do jogo, o iniciante não larga mais.

11 – CHUÁ – Quem foi sua inspiração para que você se tornasse um jogador de basquete?
Com certeza meus pais. Toda minha família é ligada ao esporte e ao basquete em particular. Sou sobrinho da Maria Helena, ex-jogadora e técnica da seleção, tenho um tio que jogou futebol profissional. Irmãos, tios e primos que jogaram. Inspiração para o basquete a gente tinha todos os dias no café da manhã...rs.

12 – CHUÁ – Quero que você fale um pouco ou até mesmo bastante, da CADUM TURISMO, afinal sua empresa está intimamente ligada ao basquete.
Como já disse acima, eu amo meu trabalho. Comecei a trabalhar com o turismo meio sem querer e não larguei mais. Minha agência vende todo tipo de pacotes e passagens aéreas nacionais e internacionais. E também tenho vários pacotes ligados ao basquete. A mais de 15 anos levo adolescentes para os Estados Unidos para participar do Campeonato de Basquete do Orlando Magic e para assistir jogos da NBA. É uma coisa que eu adoro fazer. Acontecem sempre nas férias escolares, e eu me realizo com a emoção estampada no rosto de cada um que acompanha nossos grupos (crianças e adultos) ao entrar num ginásio da NBA para assistir a uma partida, ou estar lado a lado com um ídolo do basket mundial nas clínicas do Orlando. Eu faço questão de acompanhar pessoalmente os grupos, e me divirto muito com todos. É uma enorme satisfação encontrar as crianças que viajaram comigo a 10, 15 anos atrás, que vem a mim para apresentar seus filhos e dizer da viagem inesquecível que tiveram com a Cadum Turismo. Também procuro montar alguns grupos para assistir a competições internacionais de basquete. A próxima é o Campeonato Mundial de Basquete Masculino que vai acontecer na Turquia em setembro deste ano. O grupo já está se formando e estaremos lá torcendo pela seleção brasileira.

13 - CHUÁ – Fale de um (ou mais) fato inusitado acontecido com você, durante sua vida de jogador?
Presenciei alguns fatos como um jogador ter esquecido o tênis no hotel e só perceber isso na hora de se trocar no vestiário, ou jogador que foi para o jogo com a calça de agasalho, sem o short por baixo, achando que não ia entrar no jogo e ser chamado a jogar e não poder. Técnico rasgando a calça após uma reclamação teatral contra a arbitragem. Jogador pedir pra sair no meio do jogo por conta de um desarranjo intestinal (e bem depois de ter levado um tremendo toco). Mas um fato que aconteceu comigo, foi num torneio com o Monte Líbano no Kuwait, onde um dos diretores da federação local, um "pivôzão" de uns 2,10 de altura, todo vestido a moda árabe, acabou se engraçando comigo. Tipo assédio mesmo. Perseguia-me pelo ginásio, oferecia presente, carona para o hotel. Uma tremenda diversão para meus companheiros de time, mas uma situação que ficou bastante incômoda para mim....Hoje quando nos reunimos para lembrar dos velhos tempos, tem sempre um ou outro que traz essa estória de volta....rs.

Cadum, agora vamos para uma “competição de 3 pontos”:

CHUÁ- Uma cidade - Orlando, Flórida

CHUÁ – Um país - Estados Unidos

CHUÁ – Campo ou praia - Praia

CHUÁ – Prato preferido - Churrasco

CHUÁ- Um sonho realizado - Jogar na Seleção Brasileira

CHUÁ – Um sonho a realizar - Surfar

CHUÁ – Um ídolo no basquete - Marcel e Magic Johnson

CHUÁ – Uma mulher bonita - Ana Regina, minha esposa.

CHUÁ - Imprensa - Imprescindível.

CHUÁ – Um livro - Código Da Vinci

CHUÁ – Um filme - Um Sonho de Liberdade

CHUÁ – Amor - Meu combustível de vida

CHUÁ – Amizade - É aquela coisa quando você fica um tempão sem ver a pessoa, e na primeira conversa, parece que estiveram juntos a vida toda. Tenho uma lista de pessoas assim.

CHUÁ – Deus - Meu companheiro de quarto nos últimos 50 anos

CHUÁ – Seleção brasileira - Sinto saudades. Mas me realizo torcendo por ela.

CHUÁ – O que você mais gosta - Conviver com minha família

CHUÁ O que mais detesta - Telefone ocupado

CHUÁ – A cesta mais certeira de sua vida - Meus filhos Guilherme e João Gabriel

Cadum, quero que deixe uma mensagem para quem gosta de basquete e algo que possa fazer para melhorá-lo.
O basquete é um esporte maravilhoso que premia os mais esforçados. Não basta a pessoa ter apenas talento. Treine bastante, seja perseverante. Seja persistente para melhorar suas deficiências. Seja humilde e peça ajuda para seus continuar progredindo. Procure entender todos os aspectos do jogo. Estude as regras, assista jogos ao vivo e gravados. Discuta com outras pessoas interessadas. Mergulhe no basquete até seu último fio de cabelo. Você vai, com certeza, se apaixonar.

3 comentários:

Unknown disse...

SOU MARIA APPARECIDA, MÃE DO CADUM. QUERO DIZER QUE ADOREI A ENTREVISTA,PELOS MOMENTOS EM QUE ME VÍ, VOLTANDO AO TEMPO EM QUE ELE JOGAVA.FOI UMA EMOÇÃO ATRÁS DA OUTRA. MUITO OBRIGADA POR ME PERMITIR SONHAR COM O PASSADO ,PARA MIM TÃO DISTANTE.
PARABÉNS PELA INICIATIVA DE ELEVAR O BASQUETE BRASILEIRO.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Meu nome é Carlito, conheci o Cadum quando eu era infanto-juvenil no Tênis Clube de Campinas.
Pessoa Maravilhosa que eu conheci junto com o Pipoca.
Aprendi muito com os dois no pouco tempo de convivênica, mas que guardei para o resto da minha vida.
Parabêns meu amigo.